A região da Província Autônoma de Trento se encontra no extremo norte da Itália, em meio às montanhas Dolomitas, no início dos Alpes. Seus vales e montes encantam pelas belezas naturais e pela simpatia e simplicidade do povo trentino. Politicamente, a Província Autônoma de Trento se encontra unida à Província Autônoma de Bolzano (Bozen), sendo hoje oficialmente chamadas Região Trentino-Alto Adige; juntas são a porção meridional do antigo Tirol do Sul, unido ao Tirol austríaco até 1918. Sua principal característica é que a língua do Trentino é historicamente a italiana, enquanto a das demais regiões é a alemã. É na região trentina que se pode notar uma verdadeira mescla cultural ítalo-germânica, já que nas demais regiões tirolesas a língua principal é a alemã. Na Colônia Tirolesa de Piracicaba, a mescla destas culturas fica muito evidente, como é o caso do dialeto trentino que possui 85% de influência italiana e 15% alemã, o que ocorre inversamente na gastronomia sendo 85% de influência austríaca e 15% italiana. |
O bairro Santa Olímpia, na cidade de Piracicaba, é um pequeno pedaço do Trentino no Brasil. Fundado por imigrantes tiroleses no final do século XIX, o bairro mantém hoje viva a memória e as tradições dos pioneiros, através do folclore, da gastronomia, das festas típicas e do modo de viver e falar de seus moradores. A primeira impressão de alguém que chega ao pequeno bairro rural de Santa Olímpia é a de ter encontrado em meio ao verde da paisagem uma pequena aldeia de montanha: uma igreja central, rodeada por uma ampla e tranqüila praça, enfeitada com belas flores e verdes árvores; logo ao lado é possível ver as pequenas e estreitas ruas, como aquelas das aldeias européias, com janelas e portas que dão diretamente para a rua. Esta bela e romântica aparência também reflete o modo de viver de seus habitantes, gente simples e muito alegre, que mantém em terras paulistas a sinceridade e hospitalidades dos tiroleses. A belíssima Igreja central, em honra à Imaculada Conceição, garante à paisagem um aspecto de aldeia medieval, fazendo do bairro um cartão postal para o visitante. Junto à praça em estilo europeu é possível ouvir entre uma conversa e outra o dialeto ítalo-tirolês, ainda falado pelos habitantes do local, e não apenas pelos mais velhos, mas também por alguns jovens e crianças, preservando com muita estima a língua de seus antepassados. Outra característica de seus habitantes é a profunda religiosidade católica, sinal de amor e gratidão pelos benefícios que os imigrantes tiroleses encontraram no Brasil. A Via Sacra ao lado da igreja é uma antiga tradição arquitetônica, uma das poucas escadarias para as procissões da vias sacras ainda existentes no mundo. Construído em 1945, a grande escadaria possui 90 degraus, divididos em 15 lances de escada, um para cada estação da Via Sacra. O aspecto pacato do Bairro Santa Olímpia não limita a alegria de seus habitantes, e, assim, seus moradores mantém atividades culturais como um grupo folclórico com mais de 110 integrantes, três corais, grupo teatral típico e pequenas bandas musicais. A sede da Associação de moradores de Santa Olímpia é a mais antiga casa colonial do bairro, datada do início do século XX, e que serviu em outras épocas como local de encontros importantes e festas. No mesmo local funciona o Centro Histórico-Cultural, que possui um pequeno museu com objetos pertencentes aos pioneiros do bairro. Ali é possível descobrir o modo de vida dos primeiros colonos trentinos. Saídos do Trentino (Tirol italiano), região alpina do norte da Itália, os imigrantes vieram para o Brasil trabalhar no campo e aqui encontraram as oportunidades que lhes faltavam com a crise que assolava a Europa. Assim foi possível, através de muito trabalho, constituírem famílias e desfrutarem de um clima salubre, de terras férteis e natureza exuberante. Para homenagear o centenário da chegada dos primeiros imigrantes trentinos, foi inaugurado em 1992 um monumento aos pioneiros, com seus nomes e os nomes dos "patriarcas" do Bairro Santa Olímpia, o casal Jacó Correr e Rosa Pompermayer. Também são representados a economia da época e a religiosidade dos fundadores. A população de Santa Olímpia, embora pequena, consegue atrair anualmente para o bairro milhares de visitantes para a tradicional Festa da Polenta, sempre realizada no último final de semana do mês de julho e que anima o inverno com diversas atrações culturais, folclóricas e gastronômicas, promovidas pelos próprios habitantes do bairro. |